quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A Opção da Renúncia

O deputado Roberto Dinamite precisa repensar o seu futuro. Feito “presidente” do Vasco por uma costura político-jurídica com acabamento de fantasia de escola de samba do grupo de acesso 3B, Dinamite confirmou o que dele já se sabia, mas superou-se na rapidez do gatilho da incompetência e da fraqueza. Fosse só isso e Roberto não teria espantado nem mesmo os seus críticos menos fervorosos, rol do qual participa um de seus vice-presidentes, o pós-doutor Luso Soares da Costa, que em diversas ocasiões já deixou escapulir o que pensa de seu “presidente”: “Dinamite não dá”, disse certa vez diante de algumas testemunhas.

No entanto, o deputado surpreendeu justamente naquilo que chegou a surgir como um dos principais alicerces de sua imaginada plataforma: honestidade acima de tudo. Em cinco meses, Dinamite fez com que capotassem todas as certezas que o declaravam como o mais ilibado dos seres-humanos. Não era. Não é.

Fala-se que o Vasco contratou a peso de ouro gente muito próxima ao “presidente” do clube. O desfile de celebridades que sobrevoaram a Alerj nos últimos anos e que agora sobrevoam São Januário é intenso. O que nos leva a crer que isso pode ser verdade.

É vendida, dentro do Vasco, uma camisa batizada de “Retrô 74”, que leva a assinatura “Roberto Dinamite”. Camisa esta que, se não é, louva à pirataria. É evidente: a camisa é vendida na boutique de São Januário, mas o clube não vê um centavo de royalties de licenciamento. E mais: é fabricada por uma malharia estranha ao fornecedor de material esportivo do Vasco, tanto o antigo como o que se anuncia como próximo. Já Roberto, recebe o seu quinhão. Duvido que algum outro jogador que tenha participado do elenco de 1974 receba. Retrô o quê?

Ele também começou a freqüentar as sedes do clube com o carro oficial que lhe cede a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, uso inconveniente do dinheiro e de bens públicos. E passou a ter a sua atuação parlamentar pífia fiscalizada: em novembro, por exemplo, foi o deputado mais faltoso da ALERJ. Nos meses anteriores, disputou a coroa com sumidades milicianas e outros “notáveis” da política fluminense.

Além disso, ao ser denunciado o módico salário pago ao doutor Luiz Américo de Paula Chaves, seu “vice-presidente” jurídico, figura sem apego a cargos, mas com apego a cargas, o deputado Dinamite, embora tentando a esquiva, viu respingar sobre sua camisa de linho resíduos da hemorragia verbal que o doutor Chaves usou para se defender: “é promessa de campanha, o Vasco é um clube agora profissional”, disse Chaves que, ao buscar abrigo, envolveu todos os vice-presidentes na farra dos desapegados. Sabe-se que se há alguém recebendo, há alguém pagando. Até segunda ordem, assina cheques no Vasco, por imposição do cargo, o presidente administrativo do clube. Que, às vezes, parece ser Roberto. Logo, ele é co-responsável pelo recheio na conta bancária do doutor Chaves, assim como é co-responsável pelo drible manjado que se está, agora, tentando aplicar nos teletubbies do quadro social, ao se nomear o doutor Chaves assessor jurídico, pirueta que (pensam) lhe permitirá continuar praticando bungee jumping nas tetas vascaínas, tal qual dizem, certa vez, pensou em fazer na ponte que passa sobre o Rio Itajaí-açu, em Blumenau.

No mais, queira Roberto ou não, seu nome está cravado na História do Vasco como sendo o do “presidente” que rebaixou, pela primeira vez, a instituição à segunda divisão. Em que pese o escudo colocado pela mídia em torno de sua figura e de seus companheiros de “gestão”, ele vai perder força. Perde força, por exemplo, quando se sabe que o “presidente” do clube foi se regozijar no show do Roberto Carlos três dias após a queda para a segunda divisão. Perde força ao se tomar conhecimento que, no mesmo momento em que Dinamite engrossava o coro de “Emoções” e “Festa de Arromba”, a torcida tentava apagar da memória, em vão, o dia mais triste dos 110 anos vascaínos, enquanto um novo treinador era contratado à margem do “comandante”. Perde força quando o deputado curva-se ao Flamengo que, por galhofa, oferece seus rebotalhos para o próximo elenco vascaíno. Perde força quando se põe de joelhos diante do Flamengo clamando-lhe uma visita ao Clube dos 13, a fim de que o clube da Gávea tente, em favor do Vasco, a remoção de uma regra definida há anos: quem é rebaixado, perde metade da cota de TV no ano em que disputa a série B. Por que o Flamengo? Por que não o próprio Vasco vai reivindicar seus intentos? Perde força quando se sabe que a “administração” Dinamite vai franquear o futebol do clube a um empresário amigo. Perde força quando se toma conhecimento que uma festa marcada para os funcionários do clube foi cancelada, sob a ameaça dos empregados em não comparecer porque a “administração” não lhes paga um centavo há três meses.

Por isso, em primeiro lugar para tentar salvar a sua condição de ídolo e em segundo lugar para impedir que sua carreira de político medíocre se desmantele e vá à breca, Dinamite deveria renunciar à cadeira de presidente enquanto é tempo. Seu nome já está longe de ser uma unanimidade vascaína. Por certo, dada a sua incapacidade, a sua falta de amor flagrante pelo Vasco e a sua permissividade com interesses escusos de terceiros e próprios, Roberto irá do céu ilusório rabiscado pela mídia ao inferno real composto por sua incompetência tácita e pelas acochambradas de seus colaboradores em muito pouco tempo.

Eu sei, eu sei. Roberto não fará isso. Anestesiado, inebriado, insistirá na ilusão de ser uma figura intocável por ter, por hora, toda a proteção do jornalismo. Não percebe que será carregado no colo até que os donos dos produtos de limpeza, responsáveis pela faxina diária de neurônios, concluam que sepultaram um certo desafeto fumacento. Mal sabe ele que tão logo essa gente avalie que liquidou Eurico e seu legado, a carruagem voltará a ser abóbora. Creia, Dinamite, não haverá príncipe encontrando o seu sapatinho de cristal. Seus dias como político de categoria duvidosa e ídolo, até anos atrás, incontestável estão no fim. Você não sobreviverá à armadilha que fizeram para você. Você não sobreviverá à vaidade que o trouxe de volta à vida humana e o fez deixar o recanto do imaginário dos torcedores onde reinam os intocáveis. Acredite: sua decadência irreversível já começou.


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A incrível trupe de Bananaleone

Antes, eram heróis da sabotagem,
a exporem os flancos desabridos…
Vivas, em festanças e sacanagem,
desonrando os símbolos mais queridos.

E o dinheiro, que aparecia a rodo…
E, qual “pobre vítima”, ia à forra,
aquele que, hoje - “rei” por engodo -
se embanana, se esquiva e se borra.

Imagina-se olímpico, no pódio.
Risada falsa, na cara estampada,
esconde um coração cheio de ódio,
e a amargura da alma enciumada.

Os que, antes, lhe serviam de escada,
laudas, laudas pérfidas, site vil,
nutriam a massa contaminada,
desleal, enfurecida e servil.

Golpe dado, uns sentiram-se palhaços,
bola rubra na ponta do nariz,
envergonhados, juntaram pedaços
da honra que lhes sobrou por um triz.

E foi tanta a sua desilusão,
que vagam (mesmo sem pedir perdão)
agora, anônimos e por pseudônimos.
E os “moderadores” irremendáveis
A manter suas teses execráveis
e vão multiplicando em heterônimos…

Autor: Diniz Felix dos Santos

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Vou dar de beber à dor

Atônito, sem saber por onde começar, mas na obrigação moral de escrever algo, até talvez em respeito ao clube que aprendi a amar e que vem sendo vilipendiado, dilacerado e profanado por um grupelho de golpistas modernosos, que tem por objetivo uma espécie de “bota abaixo” da instituição centenária e de suas características tão próprias e peculiares para, no lugar dela, erguer uma nova e “fashion” realidade.

Fico aqui relembrando com ares de saudosista aquele meu Vasco, que parece até já ter deixado de existir neste tão pouco tempo de nefasta administração. Vasco do Pai Santana, Vasco do Edmundo, o Vasco do Pedrinho, que eles fizeram chorar ontem. Vasco de faixa na camisa, e não o Vasco 'fashion' e descaracterizado de coelhinhos pederastas. Vasco que não abre na Sexta-Feira Santa em respeito às suas tradições, e não esse Vasco dos crentes pastores. Vasco do Padre Lino, que foi expulso de lá por esta cambada de impostores.

Vasco que respeita suas características, seu estatuto. Vasco do Calçada, Vasco do Cyro Aranha, Vasco do Eurico. Não esse Vasco que aí está, arreganhado pra imprensa, serviçal, lacaio, subserviente e rebaixado. Vasco conservador e respeitador de suas raízes lusitanas. Vasco diferenciado, do Vinho do Porto e do fado da Amália. Instituição cimeira, altaneira, ímpar. Independente. “Uma casa portuguesa, com certeza”. Ah, aquele meu Vasco...

E foi no Domingo passado que passei no estádio onde um dia eu via esse Vasco. Mas está tudo tão mudado, que não vi em nenhum lado suas características. Do rés-do-chão ao telhado ou na histórica fachada não vi nada, nada, nada que pudesse recordar-me aquele Vasco.

Onde era a sala (da presidência) agora está à mesa um sujeito que é lingrinhas. Mas não há orgulho, soberania, nada, nem espreitadelas furtivas da imprensa (lá do lado de fora). O tempo cravou a garra na alma daquela casa, onde em noites de ‘fuzarca’, alegrava-se a nossa imensa torcida, outrora bem feliz.

As arquibancadas do histórico e portentoso estádio, tão garridas e que ficavam sempre esfuziantes de alegria, perderam toda a graça, porque hoje é uma tristeza o que fizeram com meu Vasco. Pois chega a esta desgraça toda a graça da casa que um dia foi do Vasco.

Pra terem feito da casa o que fizeram, melhor fora que a mandassem "p'ras alminhas". Pois ser casa de amadores o que foi viveiro de glórias, é idéia que não cabe cá nas minhas. Recordar das tradições só faz saudades... e um gosto amargo... que vou procurar esquecer numas "ginginhas".

Pois dar de beber à dor é o melhor, já dizia Amália.


Pra quem desconhece a canção citada, e que inspirou o post:
http://letras.terra.com.br/amalia-rodrigues/232355/