segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Vou dar de beber à dor

Atônito, sem saber por onde começar, mas na obrigação moral de escrever algo, até talvez em respeito ao clube que aprendi a amar e que vem sendo vilipendiado, dilacerado e profanado por um grupelho de golpistas modernosos, que tem por objetivo uma espécie de “bota abaixo” da instituição centenária e de suas características tão próprias e peculiares para, no lugar dela, erguer uma nova e “fashion” realidade.

Fico aqui relembrando com ares de saudosista aquele meu Vasco, que parece até já ter deixado de existir neste tão pouco tempo de nefasta administração. Vasco do Pai Santana, Vasco do Edmundo, o Vasco do Pedrinho, que eles fizeram chorar ontem. Vasco de faixa na camisa, e não o Vasco 'fashion' e descaracterizado de coelhinhos pederastas. Vasco que não abre na Sexta-Feira Santa em respeito às suas tradições, e não esse Vasco dos crentes pastores. Vasco do Padre Lino, que foi expulso de lá por esta cambada de impostores.

Vasco que respeita suas características, seu estatuto. Vasco do Calçada, Vasco do Cyro Aranha, Vasco do Eurico. Não esse Vasco que aí está, arreganhado pra imprensa, serviçal, lacaio, subserviente e rebaixado. Vasco conservador e respeitador de suas raízes lusitanas. Vasco diferenciado, do Vinho do Porto e do fado da Amália. Instituição cimeira, altaneira, ímpar. Independente. “Uma casa portuguesa, com certeza”. Ah, aquele meu Vasco...

E foi no Domingo passado que passei no estádio onde um dia eu via esse Vasco. Mas está tudo tão mudado, que não vi em nenhum lado suas características. Do rés-do-chão ao telhado ou na histórica fachada não vi nada, nada, nada que pudesse recordar-me aquele Vasco.

Onde era a sala (da presidência) agora está à mesa um sujeito que é lingrinhas. Mas não há orgulho, soberania, nada, nem espreitadelas furtivas da imprensa (lá do lado de fora). O tempo cravou a garra na alma daquela casa, onde em noites de ‘fuzarca’, alegrava-se a nossa imensa torcida, outrora bem feliz.

As arquibancadas do histórico e portentoso estádio, tão garridas e que ficavam sempre esfuziantes de alegria, perderam toda a graça, porque hoje é uma tristeza o que fizeram com meu Vasco. Pois chega a esta desgraça toda a graça da casa que um dia foi do Vasco.

Pra terem feito da casa o que fizeram, melhor fora que a mandassem "p'ras alminhas". Pois ser casa de amadores o que foi viveiro de glórias, é idéia que não cabe cá nas minhas. Recordar das tradições só faz saudades... e um gosto amargo... que vou procurar esquecer numas "ginginhas".

Pois dar de beber à dor é o melhor, já dizia Amália.


Pra quem desconhece a canção citada, e que inspirou o post:
http://letras.terra.com.br/amalia-rodrigues/232355/

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