segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Meu querido, meu velho, meu amigo


Mancanza, nostalgia... traduzindo do italiano para o português temos ausência, lacuna, vazio, saudade. Tem dias que a gente acorda com uma saudade danada de quem já nos deixou, e tendo sido hoje um desses dias, resolvi falar um pouco sobre o assunto. "A Ancestralidade é nossa via de identidade histórica, e sem ela não sabemos o que somos e nunca saberemos o que queremos ser".

O culto aos antepassados é uma das celebrações mais valorizadas desde os tempos mais distantes, onde vários povos realizavam essa comemoração, que ocorre em várias crenças primordiais e apresentam as mesmas características, inclusive em culturas que, até onde se sabe, não tiveram contato entre si.

Na cultura Jeje-Nagô, a vida não se finda com a morte. Àtúnwa é o nome dado ao processo divino de existência única: A continuidade da vida. A ancestralidade confirma a imortalidade, pois a vida continua no Orùn com os ancestrais. Do Orùn a ancestralidade a tudo assiste.

Nas culturas de cunho xamânico, naturais, como no caso da cultura Celta, o vínculo com os antepassados era uma coluna-mestra da religião. Eles eram o símbolo do esforço humano em se aproximar do ideal divino, e o resultado era um grande cuidado com o tipo de vida que se levava, para que a pessoa pudesse ser lembrada após a morte. Os rituais do culto ancestral Chinês ocorrem à volta de eventos anuais especiais, como por exemplo, seu festival da primavera.

O Halloween, é a festa mais conhecida das bruxas. É a época de honrar nossos ancestrais e quando temos um véu mais fino entre os mundos, o que facilita a comunicação com nossos entes queridos que já se foram. É época de honrá-los e agradecer-lhes por sermos o que somos hoje. Geralmente esse rito dura três dias, do dia 31 de outubro até o dia 2 de novembro. É interessante notar o fato de que o dia 1º de novembro foi conclamado como o Dia de Todos os Santos, enquanto que o dia 2 se tornou o Dia de Finados para os Cristãos.

Ao reverenciar nossos ancestrais, mantemos com eles uma troca de experiências e de energias, pois mesmo sem ouvir, ver ou sentí-los, sua sabedoria está presente. Neles estão as raízes de nossos propósitos. Quando conseguimos nos conectar com essa força primordial, sentimos uma saudade, um amor, um acalanto, como se em algum lugar alguém estivesse olhando por nós. Nossa alma se acalma e ficamos em paz, com a sensação de que o passado está presente, e quase podemos tocar a divindade com o estado de espírito elevado, com uma profunda sensação de leveza e purificação. O divino reside aí.


Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo

Esses seus cabelos brancos, bonitos
Esse olhar cansado, profundo
Me dizendo coisas, num grito
Me ensinando tanto do mundo...
E esses passos lentos, de agora
Caminhando sempre comigo
Já correram tanto na vida,
Meu querido, meu velho, meu amigo
Sua vida cheia de histórias
E essas rugas marcadas pelo tempo
Lembranças de antigas vitórias
Ou lágrimas choradas, ao vento...
Sua voz macia, me acalma
E me diz muito mais do que eu digo
Me calando fundo na alma
Meu querido, meu velho, meu amigo
Seu passado vive presente nas experiências
Contidas nesse coração
Consciente da beleza das coisas da vida
Seu sorriso franco me anima
Seu conselho certo me ensina,
Beijo suas mãos e lhe digo
Meu querido, meu velho, meu amigo
Eu já lhe falei de tudo,
Mas tudo isso é pouco
Diante do que sinto...
Olhando seus cabelos, tão bonitos,
Beijo suas mãos e digo
Meu querido, meu velho, meu amigo

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