quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Tudo depende de você ter as coisas, ou delas terem você

Primeiro, pare; só depois compre.

“Tudo depende de você ter as coisas, ou delas terem você” – Robert A. Cook.

Simplicidade. Eis uma antiga e adorável tradição espiritual que tem ganhado popularidade recentemente. Enquanto tentamos sobreviver à nossa economia errática e à ansiedade financeira decorrente, é natural buscar um estilo de vida menos arriscado – parar de gastar, reencontrar o equilíbrio, viver com leveza.

Se você lê regularmente o Zen Habits, provavelmente está interessado na ideia de simplicidade. De fato, provavelmente você já se desfez de diversas coisas materiais e vive uma vida muito simples. Pessoas que adotam esse nível de simplicidade, especialmente na terra do consumismo, são incrivelmente inspiradoras e fascinantes.

Mas sejamos realistas. A despeito de abraçarem o conceito de simplicidade, a maioria das pessoas realmente adora suas coisas e adora adquirir mais coisas. Assim como nossas atitudes acerca de uma dieta saudável, nossos sentimentos acerca de coisas materiais são complicados. Sabemos o que é bom para nós, mas simplesmente não queremos desistir do que gostamos. Nossas coisas fazem-nos sentir bem.

É possível viver uma vida simples e ainda assim amar as coisas? O quanto o desapego material realmente conta quando o assunto é simplificar?

Viver com simplicidade e desapegar-se das coisas materiais fará você sentir-se mais feliz. Há pesquisas reais e montes de histórias que confirmam isso. Mas é possível que algumas coisas materiais possam aumentar nossa felicidade, senso de contentamento e prazer na vida? Se sim, como saber quais coisas são boas e quais são ruins?

Talvez o fator decisivo seja a motivação. As coisas que você tem ou deseja ter sustentam seu ego ou elevam sua alma? Algumas coisas materiais podem dar a você um senso de calor, aconchego, beleza, memórias carinhosas ou conforto. Outras oferecem apenas aquela energia fugaz da compra.

Se você refletir com atenção sobre suas ideias e ações a respeito das coisas materiais, poderá criar um suave equilíbrio entre amar as coisas e viver com simplicidade.

Aqui vão alguns pensamentos que podem ser úteis.

1. Dê uma olhada na sua casa agora.

Vá de um cômodo a outro. Você vê coisas que nunca usa e com as quais não se importa de verdade? Por que não doá-las ou vendê-las? Limpe física e psiquicamente seu espaço removendo as “folhas mortas” ao seu redor. Alguém mais pode realmente precisar dessas coisas.

2. Examine por que você está se apegando a algo.

É uma coisa verdadeiramente útil ou significativa, ou alimenta seu ego de alguma maneira? Você a mantém só para impressionar ou outros, para sentir-se melhor ou mais importante?

3. Observe em que você gasta seu tempo.

Você tem coisas destinadas a hobbies que nunca exerce? Tem uma cozinha cheia de equipamentos, mas raramente cozinha? Se você pensa de verdade que retomará o hobby ou atividade, encaixote as coisas relacionadas e coloque-as fora do caminho até que o faça. Seja realista sobre quanto tempo você tem para usar suas coisas supérfluas.

4. Você tem uma carreira focada em coisas?

Decoradores, negociantes de carros, comerciantes e outras pessoas envolvidas em criar, comprar, vender e divulgar produtos podem ter dificuldades em desapegar-se de coisas materiais porque estão sempre cercadas pelo que há de melhor e mais novo. Há beleza e arte em muitas coisas, mas considere o seguinte: você não precisa possui-las todas para apreciá-las. Eckhart Tolle certa vez sugeriu a Oprah Winfrey que ela não comprasse tudo que gostasse ou quisesse – simplesmente apreciasse aquilo naquele instante, na loja.

5. Valorize experiências em vez de coisas.

Em geral, aquisições de experiência fornecem um prazer muito maior que aquisições materiais. A lembrança das experiências melhora com o tempo, mas aquisições materiais dificilmente podem ser pensadas em termos abstratos. Experiências também encorajam relacionamentos sociais, levando a uma felicidade duradoura. Se você está morrendo de vontade de gastar, gaste numa ótima experiência com alguém de quem goste.

6. Quando pensar nas suas coisas ou quando quiser comprar algo novo, considere estes parâmetros:

Isso traz beleza à vida e aquece a alma.
Isso contribui para uma paixão ou hobby.
Isso ajuda a aproximar família e amigos de uma forma criativa e significativa.
Isso educa e esclarece.
Isso torna a vida profundamente mais simples para que você possa correr atrás de coisas mais importantes.
Isso ajuda alguém que está doente ou incapacitado.
Isso é útil e necessário para o dia-a-dia.
Isso é parte de uma tradição importante ou é uma recordação de um evento especial.

7. Você saberá que está comprando à toa se:

Compra por impulso.
Compra para impressionar os outros.
Compra porque acha que merece.
Compra quando não pode gastar.
Compra apenas para substituir algo que ainda funciona ou está bom.
Compra porque alguém tem e você quer ter também.
Compra porque a propaganda seduziu você.
Compra porque está morrendo de tédio.
Compra porque comprar acalma você.
É possível equilibrar uma vida mais simples com a aquisição de coisas materiais. Você pode aproveitar as coisas sem viver como um esteta. O ponto de equilíbrio é uma questão de preferência pessoal. Perceba, entretanto, que há um ponto em que acúmulo e materialismo minam o prazer e a satisfação autênticos na vida.

Faça uma limpeza cuidadosa no seu estilo de vida atual e nos seus pertences e analise seriamente suas compras futuras. Examine com atenção suas motivações para manter ou comprar coisas. Uma vez que você permita que as coisas sirvam à sua alma, em vez de deixar-se escravizar por suas coisas, sua vida se desenvolverá segundo uma harmonia inteligente entre o que você tem e quem você é.


Tradução: http://deusario.com/como-simplificar-quando-voce-ama-suas-coisas/

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